uma loba na cidade

Há uma loba à solta na cidade, perdida na selva urbana.

os seus olhos vão lá além e ela representa-se no espírito livre de uma corrida. chega mesmo farejar os passeios, a saltar escadarias, a espreitar por detrás das estátuas altas nas pracetas, a buscar as beiradas das janelas do primeiro andar. chega mesmo a uivar.

e ela caminha pela cidade, os joelhos tremem, os pés resvalam pois o corpo quer correr, saltar pelas escadas e lançar as quatro patas ao chão. mas os pés têm botas, e as mãos são nuas e sem pêlo, por isso vai-se aguentando na vertical, apenas em duas patas.


a imaginação flui por meio de grandes calhaus castanhos e cinzentos, pontuados por giestas e silvas, que são apenas os canteiros nas varandas e as rosas nos jardins. os seus picos não rasgam a pele pois existe pêlo, duas grossas camadas dele, que protegem do frio cortante das montanhas altas, que são apenas prédios altos que arranham o céu.


e os joelhos tremem e os pés resvalam mas o corpo a muito custo vai-se mantendo na vertical, apenas em duas patas. a loba caminha pela cidade, com um leve sorriso nos lábios e os olhos semi-cerrados num brilho vivo, da expressão de total de si mesma.

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