Desde tempos imemoriais que nos juntamos em círculo, em comunidade à volta do fogo, com tambores, com batidas monótonas, orando, almejando algo maior que nós, algo que nos transcende, algo que dá todo o significado à nossa vida.
E sim, nesse lugar de muito som monótono e oração repetida, esvazia-se a mente e entra-se no silêncio. Esse é um dos principais propósitos da prática xamânica (e dos círculos xamânicos), porque é no silêncio da cacafonia dos tambores e orações, que entramos num tempo sem tempo, no mar do inconsciente, como ponte que nos liga a tudo o que desconhecemos sobre nós, o grande mistério, o Grande Espírito!
Nesse lugar sem tempo, encontramos a parte de que somos TODO, a alma que nos anima o corpo.
Num estado de transe todas as soluções podem ser encontradas, porque saímos da realidade comum e entramos num mundo mágico, onde se encontra o potencial oculto de todos os “para quês” do que nos acontece!
O contacto com o mundo do espírito, com o tempo sem tempo, sempre aconteceu em todas as civilizações. Quanto nos afastamos muito da nossa dimensão espiritual, perdemos uma dimensão humana essencial à vida, diria até essencial à nossa psique, ao nosso bem estar. Porque experiências de transe fizeram parte da nossa evolução biológica, sem elas entramos num vazio.
E na verdade nunca nos sentimos num vazio tão grande, e no entanto nesta cacafonia toda dos tempos que correm, não se encontra nunca o silêncio.
*da senda dos EAC, Estados Alterados de Consciência, que é o mesmo que dizer transe, essência da própria prática xamânica antiga, parte integral e pilar do meu trabalho.